
Panorama: 26 de setembro a 2 de outubro de 2025 Destaques da Semana
· Eletronuclear em risco financeiro
O Ministério de Minas e Energia do Brasil solicitou com urgência um aporte de capital federal para evitar a insolvência da Eletronuclear, empresa estatal responsável pela operação das usinas nucleares, em especial diante dos gargalos financeiros gerados pela construção de Angra 3.
Sem esse aporte, a empresa estimou a necessidade de R$ 1,4 bilhão para evitar diluição antes da emissão de dívida planejada de R$ 2,4 bilhões.
Impacto corporativo / para empresas médias e familiares
- A provisão de recursos públicos pode gerar tensões orçamentárias e pressões por contrapartidas regulatórias.
- Empresas fornecedoras de serviços e insumos nucleares ou de engenharia podem observar oportunidades de contrato ou adiar decisões de investimento até o desfecho da reestruturação.
- Para firmas do setor energético ou de infraestrutura, o caso Eletronuclear reforça a importância de monitorar riscos de crédito e exposição a empresas estatais.
2. WEG anuncia investimento de R$ 1,1 bilhão para expansão local
A fabricante brasileira WEG comunicou que investirá aproximadamente R$ 1,1 bilhão até 2028 para ampliar suas operações em Santa Catarina, com destaque para um novo parque fabril orçado em R$ 900 milhões. Parte desse investimento (R$ 160 milhões) será também dedicada à expansão das operações já existentes em Jaraguá do Sul.
Impacto corporativo / para empresas médias e familiares
- Esse movimento reforça a confiança na retomada da indústria e na demanda por equipamentos eletromecânicos.
- Pode estimular fornecedores locais a redimensionar capacidade produtiva e logística.
- Para empresas de menor porte que atuam como parceiras tecnológicas ou prestadoras de serviço, há margem para parceria estrategicamente alinhada.
3. Cosan estrutura oferta primária de ações de até R$ 7,25 bilhões
O conglomerado brasileiro Cosan firmou acordo com seus acionistas âncoras e investidoras para estruturar ofertas primárias de ações, com valor base de R$ 7,25 bilhões, podendo chegar a 25% de aumento.
A emissão será feita em dois tramos, conforme acordo de subscrição entre investidores.
Impacto corporativo / para empresas médias e familiares
- A operação demonstra como grandes grupos utilizam o mercado de capitais para sustentar estratégia de crescimento ou desalavancagem.
- Sugere atenção à dinâmica de valuation e ao apetite dos investidores institucionais no Brasil.
- Serve como benchmark de operações bem-sucedidas no mercado de equity para empresas em estágio de expansão ou reorganização.
· Siguler Guff capta US$ 439 milhões para investir em litígios no Brasil
O fundo norte-americano Siguler Guff captou cerca de US$ 439 milhões para apostas em créditos judiciais contra entes públicos no Brasil — casos tributários, cobrança por contratos, entre outros.
Sua estratégia costuma envolver compra de direitos creditórios judiciais, pagamento parcial aos credores iniciais e retorno via execução judicial
Impacto corporativo / para empresas médias e familiares
- Essa modalidade de investimento em litígios (special situations) sinaliza que o ambiente jurídico brasileiro pode se tornar ativo de arbitragem e crédito.
- Empresas que possuem créditos judiciais significativos — tributários, trabalhistas, contratuais — podem receber propostas de monetização.
- Recomenda-se atenção à governança jurídica e ao risco de litigiosidade, bem como à prestação de contas e provisões.
· Expansão de serviços de valuation no Brasil – Alvarez & Marsal
A consultoria global Alvarez & Marsal nomeou Otávio Bachir como Managing Director para liderar sua prática de Valuation no Brasil e América Latina, fortalecendo sua atuação no país.
Impacto corporativo / para empresas médias e familiares
- O movimento revela demanda crescente por serviços especializados de avaliação, especialmente em processos de M&A, turnarounds e reestruturações.
- Empresas que estiverem considerando fusões, aquisições ou captações poderão contar com participantes mais estruturados no mercado local.
- É um indício da maturação e sofisticação dos serviços de consultoria no Brasil.
Temas transversais que merecem atenção
- Risco fiscal e controle orçamentário do Estado — o caso Eletronuclear escancara desafios fiscais federais e pressões por priorização de recursos.
- Ambiente de crédito e custo de capital — em cenário de instabilidade, companhias médias devem reforçar disciplina no acesso a capital e controle de alavancagem.
- Valuation, mercado de capitais e liquidez institucional — operações como a da Cosan e a expansão da Alvarez & Marsal mostram apetite renovado para transações bem estruturadas.
- Judicialização como ativo / passivo estratégico — a atuação de fundos especializados em litígios evidencia que disputas judiciais podem virar instrumento financeiro (positivo ou de risco).
- Coordenação entre fornecedores locais e grandes corporações — o investimento da WEG reforça a importância de sinergias entre grandes empresas e a base de fornecedores regionais.
Perspectivas para gestores de médias empresas
1. Antecipar cenários extremos
Montar “cenários de estresse” (internos e externos) torna-se essencial. Em um ambiente de crise, contratos com estatais ou vínculos com fornecedores públicos podem expor vulnerabilidades.
2. Avaliação contínua de ativos intangíveis e créditos jurídicos
Organizar e avaliar passivos jurídicos, provisões, ativos irregularmente monetizados — tudo isso pode gerar valor (ou risco) adicional quando bem mapeado.
3. Parcerias estratégicas com empresas maiores
Trazer fornecedores ou prestadores que acompanhem o crescimento de grandes grupos (como WEG) pode favorecer escalabilidade, previsibilidade e confiança no relacionamento.
4. Profissionalização da governança e transparência
Com o apetite de investidores institucionais e mercados, médias empresas devem aprimorar controles, relatórios e transparência para acessar oportunidades.
5. Monitoramento regulatório e fiscal
Diante da instabilidade orçamentária estatal, mudanças fiscais ou cortes podem afetar diretamente contratos públicos ou subsídios setoriais. É crucial manter equipe ou consultoria antenada às mudanças.
Conclusão
No curto prazo, vemos um ambiente corporativo nacional que se movimenta entre risco elevado — como no caso Eletronuclear — e oportunidade de crescimento estruturado, como nos movimentos da WEG e da Cosan. Para a base de médias
empresas que atende ou depende de cadeias produtivas grandes, o momento exige cautela, mas também prontidão para aproveitar as janelas de oportunidade oferecidas pela reestruturação de setores e pelo amadurecimento dos mercados de capitais e consultoria no Brasil.
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